Exibido na última edição do Festival do Rio, “A Outra Terra” rapidamente foi associado com “Melancolia“. Além do filme de Lars von Trier ter ganhado o circuito brasileiro um pouco antes da abertura do Festival do Rio, há em ambos uma personagem central profundamente triste, que enxerga na aproximação de um novo planeta a deixa para abraçar os próprios tormentos internos. Mas as comparações param por aqui, pois “A Outra Terra” é muito diferente de “Melancolia“, pois o diretor estreante Mike Cahill narra sua própria história adotando um estilo muito autoral e com desenlaces que estão distantes da atmosfera apocalíptica da realização do celebrado realizador dinamarquês.
Jovem com futuro promissor, Rhoda Williams (a também roteirista Brit Marling) é a responsável por uma tragédia que cancela os seus planos como estudante de astrofísica. Ao contemplar o aparecimento de um novo planeta no céu enquanto dirige, Rhoda atinge seu carro contra outro veículo imóvel em sinal fechado. Havia uma família e apenas o marido, o célebre compositor John Burroughs (William Mapother, de “Entre Quatro Paredes”) sobrevive após um longo período em coma. Por ser menor de idade, Rhoda recebe uma sentença mais branda, o que a faz sair da prisão algum tempo depois determinada em se desculpar para John pessoalmente pela tragédia que causou.
Paralelamente, o planeta antes visualizado por Rhoda está mais próximo. Cientistas o nomeiam como Terra Dois, pois existem provas de que ele é habitado por nossas versões alternativas. A descoberta fascina Rhoda e há um concurso que garante passes para aqueles que o vencerem. Assim, temos um misto de drama e ficção, com Rhoda se aproximando mais do que deveria de John (ele desconhece a identidade da pessoa que causou o acidente) enquanto Terra Dois se mostra o lugar que proporcionará sua redenção.
Bem recepcionado no Festival de Sundance e com duas indicações no Independent Spirit Awards (nas categorias de Melhor Primeiro Roteiro e Melhor Primeiro Filme), “A Outra Terra” é mais uma pérola a ser descoberta dentro do cinema independente americano. Com notáveis performances de Brit Marling (em seu terceiro trabalho como intérprete em longa-metragem) e William Mapother (um grande talento apenas reconhecido como o primo de Tom Cruise), “A Outra Terra” arrebata por conseguir com a história quase fantástica tornar críveis os sentimentos que rondam seus protagonistas em busca de uma tentativa de reverterem o quadro drástico de suas existências. Dono de uma versatilidade impressionante, Mike Cahill também mostra ótimo serviço assumindo as tarefas de editor, produtor e diretor de fotografia do filme.
Título Original: Another Earth
Ano de Produção: 2011
Direção: Mike Cahill
Roteiro: Brit Marling e Mike Cahill
Elenco: Brit Marling, William Mapother, Matthew-Lee Erlbach, DJ Flava, Meggan Lennon, AJ Diana, Jordan Baker, Flint Beverage, Robin Taylor e Rupert Reid
Cotação:
FYC:
– Best Picture
– Best Actor in a Leading Role [William Mapother]
– Best Actress in a Leading Role [Brit Marling]
– Best Writing, Original Screenplay [Brit Marling and Mike Cahill]
Fiquei curiosa em relação à associação feita com “Melancolia” e, pelo seu texto, dá para perceber que estamos diante de uma obra de excelente qualidade. A conferir!
Kamila, já está disponível em DVD. Confira!
Lembrou-me a história de Cinema Paradiso e Esplendor. Àquela época, queriam saber quem copiou a ideia do outro, se Giuseppe Tornattore ou Ettore Scolla. Mas nesse caso, especificamente, parece que a igualdade das tramas não prejudica o filme – até porque seus cometários acerca de “Outra Terra” são animadores.
Abs!
Weiner, fique tranquilo. É possível traçar alguns paralelos entre “Melancolia” e “A Outra Terra”, mas são filmes TOTALMENTE diferentes. Abraços.
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Só tenho uma coisa a dizer sobre A outra Terra: Filmaço!
Um dos melhores desse ano.
Alguém me explica, o que é aquele final?
Quais foram suas dúvidas? Em suma, a Rhoda da Terra 2 se encontrou com a Rhoda da Terra 1 porque na Terra 2 não aconteceu o acidente que matou a família de John.
A ideia de encontrar um “clone” nosso é simplesmente fascinante e a trajetória de todo o drama é comovente. Que filme maravilhoso!
Deusa, este é um filme que merece ser descoberto. Também o achei maravilhoso.
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