Hannibal – A Origem do Mal

Hannibal - A Origem do MalQuando um personagem é construído e logo adquire uma imediata popularidade, os planos de construir novas histórias para o mesmo indivíduo também são instantâneos. Não é somente no cinema contemporâneo que cria-se certo fascínio em desvendar os primeiros passos de uma figura enigmática ou até mesmo seu possível destino. Em “O Exorcista 2 – O Herege” tivemos a conclusão de uma batalha psicológica de Regan (Linda Blair) contra o espírito maligno de Pazuzu iniciado por uma ótica mais explícita por Willian Friedkin. O mesmo poderoso demônio teve suas origens narradas em “Dominion: Prequel To The Exorcist” (produção ainda inédita em nosso país e que deve permanecer neste estado por um longo tempo) e na sua refilmagem dirigida por Renny Harlin, “O Exorcista – O Início”. O mesmo podemos dizer das três continuações de “Psicose” e no recente prequel “Hannibal – A Origem do Mal”. Existem dois caminhos opostos de avaliação para o quinto filme que “ressuscita” nosso canibal predileto. No negativo, vemos um filme desnecessário, que não alcança a potência das outras histórias de Hannibal Lecter e que caíra no fácil esquecimento. Positivamente, Peter Webber (do espetacular “Moça com Brinco de Pérola”) cria cenários e personagens elegantes que combinam com a personalidade de Lecter, além do acerto de selecionar o pouco conhecido Gaspard Ulliel, pois haveria descuidos se interpretado por um ator celebrado. Assim, poderíamos aplicar o termo “ame ou odeie” – basta evitar comparações entre o ator francês de “Eterno Amor” com o veterano Anthony Hopkins para que a experiência não resulte negativa.
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Antes de ser corrompido pela crueldade, Hannibal vivia feliz com sua rica família, especialmente quando acompanhado por sua irmã mais nova chamada Mischa (Helena Lia Tachovska). Ocorre uma inversão de acontecimentos quando é jogado em cena os horrores do Holocausto, tendo que sobreviver sozinho com sua irmã quando o restante de sua família é morta a despeito de um acidente no meio da floresta em inverno rigoroso. Durante dias ambos ficaram hospedados às escondidas numa velha casa de madeira, até que são surpreendidos por um grupo de nazistas famintos, liderado por Grutas (Rhys Ifans). Não tarda muito transformar as indefesas crianças em aperitivo, mas somente Hannibal sai ileso do destino que o condenava. Anos depois já se encontrava seguro num orfanato, mesmo que insatisfeito pela situação que estava. Suas motivações iniciam deste ponto, onde nada mais importa do que aniquilar a todos que foram responsáveis pela morte de Mischa. Ele não tinha ferramentas necessárias em mãos para detectá-los, mas as faces de seus futuros alvos sempre esteve armazenado em sua memória. Seu desejo de vingança torna-se ainda mais forte quando refugia-se na mansão de sua tia Lady Murasaki (Gong Li, sempre perfeita), onde será o apoio para o desenvolvimento de seu formalismo e sabedoria.

Existem erros em “Hannibal – A Origem do Mal” a partir do instante onde Murasaki transforma Hannibal em seu aprendiz, fazendo com que o despertar inicial de sua fúria seja caricato, ou até mesmo no roteiro de Thomas Harris (autor de todos os livros do personagem) que insiste em recorrer a dispensáveis flashbacks que assombram sua criação. Porém, vem bons acertos sendo alguns protagonizados pelo próprio Gaspard Ulliel. Se ele não consegue repetir as fisionomias marcantes de Hopkins ao longo do filme, ao menos executa um trabalho digno de seu personagem. Este começo seria evocado rapidamente ou tardiamente, mas cumpriria seu papel perfeitamente se não estivesse relacionado a Hannibal Lecter, e sim a outra criação. Nada que torne o melhor passatempo dos últimos tempos ou uma das piores produções já concebidas. É bom vê-lo novamente, mas é fundamental que tudo acabe definitivamente por aqui.

Título Orignal: Hannibal Rising
Ano de Produção: 2007
Direção: Peter Webber
Elenco: Gaspard Ulliel, Gong Li, Rhys Ifans, Aaran Thomas, Helena-Lia Tachovská, Richard Leaf, Richard Brake, Kevin McKidd, Ivan Marevich, Charles Maquignon e Dominic West.
Cotação: 3 Stars

24 Respostas para “Hannibal – A Origem do Mal

  1. Respondendo aos seu coment no blog (muito obrigado), realmente Hannibal não merece estar entre os 10 piores e realmente é muito relativo estas listas, postei porque tem haver com a maioria, o rotten tomatoes na maioria das vezes acerta. Hannibal para mim ta longe de ser uma merda, mas não o considero algo além de razoável. O roteiro do filme é fraco, os atores decepcionam e somente o visual se salva, com a direção se destacando em momentos mas se perdendo em pretensão em outros. Vou rever o filme para ter certeza, mas eu dou 2 estrelas apenas, mas não o considero como piores do ano.

  2. Humm, não me convence, heheh, esse filme eu passo por enquanto. Quem sabe quando sair em DVD… Mas o melhor filme que tem a presença do Hannibal Lecter, na inha opinião é o Dragão Vermelho, não aquele filme com Edward Norton, tô falando da primeira versão de 1986, antes mesmo do Silencio dos Inocentes e dirigido pelo Michael Mann. Vale a pena!

  3. Wally, “Hannibal – A Origem do Mal” é bem razoável mesmo, só que não merece ser relacionado como lixo, pois não é uma tortura assisti-lo, muito pelo contrário, é um entretenimento até divertido. Somaria mais pontos se não fosse as origens de Hannibal Lecter, e sim um outro personagem qualquer. Não precisa agradecer pelos comentários, pois estava devendo uma visita ao Cine Vita a um bom tempo.Excelente semana para você, bons filmes.

  4. Ronald, “Hannibal – A Origem do Mal” chegou esta última semana no DVD, vale a pena reservar e assistir. Antes de encerrar a rápida leitura ao seu comentário, logo imaginei que se referia a versão de “Dragão Vermelho” orquestrado por Michael Mann. É sim um bom filme, mas tenho que rever imediatamente.Abraço.

  5. PESSOAL, MISTERIOSAMENTE O RESULTADO PARCIAL DA ENQUETE FOI ZERADO. POR FAVOR, VOTEM NOVAMENTE SE DESEJAR NO CINEASTA PREDILETO DA LISTAGEM.Excelente semana para todos!

  6. Até que gostei do filme, apesar de considerá-lo irregular em diversos aspectos, acho que merece 2 estrelas por alguns defeitos imperdoáveis – de qualquer foram é boa diversão para o sábado à noite, hehehe.

  7. Para mim este é um filme equivocado, e engorda a lista das produções que jamais deveriam ter sido feitas.mas… agente sabe como funciona a coisa por lá.abraços!

  8. Alex, “Hannibal – A Origem do Mal” é um filme cujas maiores qualidades são mesmo o visual. Peter Webber caprichou na direção de arte e na fotografia do filme.O problema maior do filme, na minha opinião, é a atuação do Gaspard Ulliel. Ele, ao tentar emular demais a clássica interpretação do Anthony Hopkins, acaba causando risos com suas caras e bocas.

  9. Esse prequel foi totalmente desnecessário para a história de Hannibal Lecter.Espero q desta vez enterrem de vez o personagem.E vc tem razão quando fala do trabalho de Ulliel,ele naum é tão ruim assim,mas a intepretação de Anthony Hopkins pesa a qualquer ator,ainda mais se é jovem.

  10. Este tipo de filme deve ser feito com mais atenção e capricho do que o original, o clássico!O ínicio é o que concretiza, se não vemos um ínicio convincente é como se o resto foi tudo uma perca de tempo!Este filme não devia ser feito….desta maneira, não!Abraço

  11. Alex, a comparação com O Exorcista é muito boa. Gostei desse filme, mas quando assisto de novo O Silêncio e Hannibal, sei lá, mas bate uma pontinha de decepção, heheheabraço e ótimo fds!

  12. Vinícius, o filme é mesmo repleto de irregularidades, mas por evitar comparações com os outros exemplares do mesmo personagem (que são inquestionavelmente superiores), gostei do filme e da concepção de Hannibal. Há, e de Gong Li, claro!

  13. Felipe, essa sequência de treinamento é bem embaraçosa mesmo, não deveria existir. Mas não digo o mesmo sobre o filme por si só: as origens de Hannibal deveria ser contada, mas não com descuidos como podemos comprovar ao ver o filme. Será o livro de Thomas Harris algo melhor?

  14. Kamila, é verdade que Gaspard erra em determinados momentos “copiar” a face e olhar mortal de Anthony Hopkins (há depoimentos do próprio ator de que ele ficou treinando para alcançar tal êxito), mas o considero um ator promissor. A direção de arte também é uma enorme virtude.

  15. Wanderley, apesar de ser vitimada por diálogos às vezes mal escritos, creio que a personagem de Gong Li foi muito importante á trama, especialmente no que diz respeito a questão da ausência de sentimentos de Hannibal, ou mesmo no desfecho similar a “despedida” antológica de “Hannibal”.

  16. Willian, não achei “Hannibal – A Origem do Mal” o desastre total para chamá-lo de uma obra desnecessária, mas é verdade de que ele deveria ser desenvolvido com mais dedicação para ser um prequel a altura do celebrado “O Silêncio dos Inocentes” e os não menos excelentes “Dragão Vermelho” e “Hannibal”

  17. Marfil, bem-vindo por aqui!Percebo que é a sua primeira visita ao Cine-Resenhas. Confesso que já conhecia o seu endereço através de outros amigos, mas nunca tive tempo para fazer uma visita de verdade. Tentarei acompanhar as suas atualizações. Já sobre “Hannibal – A Origem do Mal”, vale a pena dar uma espiada.

  18. Túlio, utilizei “O Exorcista” justamente por existir certa mania de ampliar uma história que já se concluiu na produção original. Ou melhor, tentar lucrar com mais continuações ou prequel, alguns bem nescenessários.

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